sobre discos, tempo e relembrar velhos hábitos...

 Essa é uma daquelas raras vezes que a ideia vem, e eu venho logo aqui pra não perder o fio da meada...

Há alguns meses resolvi resgatar um hobby antigo.

Quem me conhece, sabe que tenho mania de colecionar. Alguns podem até chamar de acumular, e admito, tenho um pouco de acumulador mesmo. Mas tenho aprendido o desapego e a selecionar melhor minhas coleções. 

Mas agora o assunto é outro...

Voltando...

Há alguns meses resolvi resgatar um hobby antigo. E isso me traz algumas lembranças.

Lembro-me de um aparelho antigo que tínhamos em casa. Exatamente igual ao da foto abaixo.



Lembro de nele ouvir diversos discos que tenho aqui em casa até hoje. Alguns da Xuxa, Trem da Alegria, Super Feliz (da clássica música tema do Carrossel), e também alguns clássicos cristãos, como Vencedores por Cristo e Grupo Elo.

Esse aparelho sobreviveu por anos, e nele ainda pude gravar e ouvir diversas fitas cassete e até ligar meu novo discman já em meados dos anos 2000.

Não sei qual foi o fim do aparelho. Só me lembro de um dia, alguns anos depois, ao voltar a me interessar pelos discos de vinil, resolvi procurá-lo, mas não tive mais sinais dele. Ninguém em casa lembra qual fim levou, e ficou assim mesmo.

Algum tempo depois, pode adquirir um aparelho mais moderno. Um Sony 5 em 1, com um incrível carrossel para 5 CDs, rádio, K7, e o então desejado toca-discos.

Desde então passei a adicionar alguns bolachões à minha coleção de CDs. Consegui grandes achados em sebos e lojas por ótimos preços, e sempre que possível, os ouvia. Passando por Pink Floyd, U2, Legião Urbana, Biquini Cavadão, Led Zeppelin, Muse, a trilha de Karatê Kid, Chico Buarque, Canon em D Menor, e diversos outros, pude ouvir muita coisa boa ali.

Até que o tempo foi ficando escasso, as prioridades foram mudando, e o ritual de ouvir os discos foi diminuindo, afinal, é algo que demanda cuidado, tempo. Os MP3s e streaming, somados aos CDs que eu já possuia, foram tornando-se cada vez mais práticos à correria do cotidiano.

Passou um tempo, acabei vendendo o grandalhão. Já não tinha mais espaço para ele, e achei melhor passar pra frente do que deixá-lo estragando com o tempo. Mas mantive guardado meu toca-discos CCE, que havia comprado quando peguei meu primeiro LP do Foo Fighters (uma incrível edição em 4 discos do "In Your Honor" em uma caixa lindíssima com relevo) e descobri que ele era um 45RPM, velocidade que o meu Sony não reproduzia.

Ironicamente, vendi essa edição dos Foos (e confesso ter um leve arrependimento), mas, durante esse período de pandemia, acabei um dia, resolvendo reativar meu TD. Adquiri um receiver, algumas caixas de som, incluindo um belo subwoofer e montei um sistema mais compacto.

E desde então, tenho buscado não apenas os clássicos lançados naquela época, mas também alguns discos modernos que gosto, como a discografia do Muse e o incrível Weather Systems do Anathema. E tenho percebido que esse não é exatamente é um hobby de "audiófilo", afinal, nem possuo um sistema de alta fidelidade para isso. E nem pretendo investir nisso, pelo menos por enquanto.

Mas sim, cada vez  mais percebo que trata-se de algo terapêutico. O exercício de escolher o que irá tocar. O cuidado ao limpar o disco, preparar o aparelho, verificar a agulha, forçar-se a ouvir não apenas uma música, mas o álbum em um todo. Tudo isso torna-se algo que plataforma digital nenhuma substitui. É algo que valoriza a arte ali inserida.

É algo que me faz valorizar o tempo que tenho. Tempo que muitas vezes perco com coisas fúteis e sem sentido.

Reativar meu toca discos me fez lembrar que música não é apenas algo para se distrair ou ouvir enquanto trabalha ou faz alguma outra atividade (seja ela produtiva ou só rolar o feed do Instagram). Ouvir música também é algo a ser apreciado. Assim como ver uma peça de teatro, assistir a um show, visitar um museu, ler um livro. 

É algo que muitas vezes devemos parar pra fazer. Prestar atenção aos detalhes.

Infelizmente visitar um sebo ou uma loja de discos tem sido impossível em tempos de pandemia. Mas lembro-me disso fazer parte do processo. Antes, perdia horas revirando as caixas. Recentemente, mal tinha paciência de entrar nas lojas para garimpar. Espero logo poder voltar a fazer isso. Visitar sebos e encontrar ali algumas relíquias e assim poder acrescentar mais itens à minha biblioteca de vinil.

E com isso, também exercitar melhor a arte de apreciar mais, meus discos, meus livros, meus filmes...

Apreciar mais esses momentos...

Valorizar mais a arte...



Utilizar melhor meu tempo...

Para que eu sempre me lembre que agregar conteúdo nunca é demais. E compartilhar somente aquilo que agrega. Para ter cada vez mais tempo de qualidade, e menos tempo com futilidades...sejam elas online como as plataformas de streaming, ou analógicas, como um bom e velho disco de vinil...




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